quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Castelo de Milfontes: Imóvel de Interesse Público com 400 anos está à venda

"O Forte de São Clemente, mais conhecido como Castelo de Milfontes, no concelho de Odemira, um edifício classificado como Imóvel de Interesse Público, que "protege" há mais de 400 anos a foz do Rio Mira, está à venda.
Comprado em 1903 em hasta pública, quando "o Estado precisava de dinheiro" e o edifício deixou de ter uma "função militar", segundo explica o historiador local António Quaresma, o Castelo de Milfontes, depois de passar por vários proprietários, está de novo à venda.
Em declarações à Agência Lusa, António Quaresma defende que esta é uma oportunidade para a única fortificação do género no concelho de Odemira regressar para a tutela do Estado e se tornar "um edifício aberto ao público", com "funções culturais" e eventualmente "comerciais".
"Como propriedade privada, vai continuar como um edifício fechado ao público, que poderá ser usufruído por meia dúzia de pessoas", argumenta, destacando que o edifício foi construído em 1602, a mando da realeza, para proteger a região de ataques "de corsários" e "de Inglaterra".
A entrada do Castelo remete qualquer visitante para outros tempos: o acesso à porta principal do edifício é feito por uma ponte levadiça, agora permanentemente deitada, que passa por cima de um antigo fosso, transformado num jardim verde, a partir de onde heras trepam as paredes.
Após ser alvo de obras de recuperação por D. Luís de Castro e Almeida, que adquiriu o imóvel em 1939, o Castelo serviu de residência, mas também de "casa de hóspedes", actividade que manteve até há pouco tempo.
O actual proprietário, que prefere não revelar a sua identidade, revela à Lusa ter decidido há alguns meses vendê-lo, quando verificou já não reunir condições para manter a "casa de hóspedes", tendo confirmado a visita de alguns interessados, "sobretudo portugueses".
Admitindo a possibilidade de venda ao Estado, o proprietário vê o Castelo "uma casa", e considera difícil a "transformação" necessária para que "tenha interesse público", mostrando preferência em "manter o espírito da casa".
António Quaresma reconhece a "importância" da intervenção privada na conservação do edifício, apesar de "obras destinadas a torná-lo mais habitável", que lhe "conferiram um aspecto um pouco diferente", mas insiste: "o caminho a tomar agora é de novo torná-lo um edifício público".
O especialista, destacando a "preservação do Forte em termos arquitectónicos", defende a actuação, como entidade pública, da Câmara de Odemira.
Contactado pela Lusa, o vereador da Cultura, Helder Guerreiro, confirmou ter conhecimento da situação do imóvel, remetendo eventuais esclarecimentos para o presidente da autarquia, que não foi possível contactar em tempo útil.
Construído na margem direita do Rio Mira, o Forte tem uma vista privilegiada sobre a foz, o que lhe permitiu, em tempos, proteger Vila Nova de Milfontes, localidade que hoje é dos pontos mais visitados do Litoral Alentejano durante o Verão.
O Castelo de Milfontes, alvo frequente das objectivas dos turistas, que geralmente não ousam atravessar o portão fechado, pode ser encontrado à venda, entre várias "casas de luxo", no site da imobiliária Sotheby's International Realty."

In Jornal Público

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