segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Cada lisboeta produz meia tonelada de lixo por ano
Mas são dos que consomem menos energia. Análise da revista "The Economist" traça o perfil verde da capital


"Lisboa é das cidades onde se faz mais lixo, e onde se recicla menos. Numa análise do centro de estudos da revista "The Economist" para a Siemens, o tratamento de resíduos na capital portuguesa aparece na 22ª posição entre 30 grandes cidades. Cada lisboeta (contas feitas aos 2 milhões de habitantes da área metropolitana) faz 538 quilos de lixo por ano - a média dos 30 é 511 quilos. Apenas 7,1% do lixo total é reciclado, quando a maioria já atinge os 18%. O "European Green City Index" faz um ranking verde das metrópoles europeias. A cidade líder do índice só será conhecida na próxima terça-feira, primeiro dia da Cimeira de Copenhaga.
A meio da tabela, na 18ª posição global, Lisboa é palco de extremos. Lixo, concentração de carros, ar cada vez mais poluído e esgotos sem tratamento são alguns dos factores negativos. Em contrapartida, é a terceira melhor ao nível do consumo de energia. Cada lisboeta gasta 49 gigajoules [seis gigajoules equivalem a um barril de petróleo] de energia por ano, quando a média é 81. À frente, só Istambul e Belgrado. É na rede de transportes que Lisboa aparece mais mal cotada. Segundo o relatório, que vai ser apresentado na íntegra em Copenhaga - no arranque das Cimeira das Nações Unidas para traçar novas metas climáticas - um em cada três lisboetas utiliza viatura própria. "As ciclovias são praticamente inexistentes", lê-se. Destaca-se ainda o facto de apenas 44% da população utilizar transportes públicos (880 mil pessoas). Da frota de autocarros públicos, apenas 5% funcionam a gás natural, com os primeiros híbridos esperados nos próximos dois anos. Manuel Nunes, responsável pelo departamento de Mobilidade da Siemens Portugal, explica ao i que o atraso - neste sector, Lisboa aparece na 25.a - não é surpresa: "Temos um impacto automóvel impressionante em Lisboa. Não é uma situação que nos envergonhe, indica-nos um caminho para actuar.
A solução passará por melhorar emissões, e poupar energia", diz o responsável. O grande desafio, acredita, está em conseguir alternativas atractivas. "Ter soluções de tal modo eficientes que as pessoas deixem de andar de carro". Na qualidade do ar, Lisboa aparece no 24.o lugar da tabela. "As políticas de limpeza de ar e a redução do tráfego não têm sido uma prioridade da cidade", lê-se. Não há "plano específicos para melhorar a qualidade do ar". Na gestão de recursos hídricos, Lisboa fica atrás de cidades como Atenas e Madrid. Há um desperdício de 46% da água injectada na rede e, em 2004, a água gasta por 100 mil habitantes não estava a ser tratada. O valor já foi refutado pela Siemens Portugal. "Apesar de haver desperdício, a análise não teve em conta a água utilizada nos serviços municipalizados", explicou ao i Manuel Nunes. Nos consumos, o lisboeta é regrado: consome em média 87 metros cúbicos de água por ano, abaixo da média das 30 cidades (105 metros cúbicos).
Boas práticas É na energia que Lisboa ocupa a melhor posição global. Na 9.a posição neste sector, sublinha-se o facto de 10% da energia consumida na capital ter como origem fontes renováveis (dados de 2006) - o 7º melhor resultado na tabela. Contudo, não existem novas metas, aponta-se. Gestão de edifícios e políticas verdes também estão bem colocadas, na 11.a e 12.o posição."

In Jornal I

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