sexta-feira, 7 de maio de 2010

Portugal entre os melhores países para as mulheres terem filhos

"Portugal em 19.º lugar no ranking da organização Save the Children. Mães norueguesas são as mais felizes e as afegãs estão em último

Para quem está convencido de que os portugueses estão sempre entre os últimos, o relatório anual da Organização Save The Children trouxe ontem boas notícias. Portugal está entre os 20 melhores países para as mulheres serem mães. O ranking intitulado "Estado das mães do mundo 2010" avaliou 160 países e colocou o nosso à frente do Canadá, dos Estados Unidos, da Áustria, do Luxemburgo ou do Japão. Os resultados têm como base a melhor combinação entre dez critérios que vão desde a esperança de vida das mães e dos bebés, partos medicamente assistidos, escolaridade feminina, incentivos à natalidade ou taxa de mortalidade infantil.
Há sempre outras leituras que se podem fazer da mesma tabela. Ao juntar numa só lista países desenvolvidos e países em desenvolvimento, a Save The Children agrupou dois campeonatos distintos - 43 Estados ricos e 117 pobres. O resultado acabou por revelar o óbvio: países do Norte da Europa como Islândia, Suécia, Dinamarca ou Finlândia estão entre os melhores e os chamados países do terceiro mundo como Nigéria, Chade, Guiné-Bissau, Iémen, Mali, Sudão ou Eritreia estão no fundo da lista.
E, no grupo dos Estados com o melhor nível de vida, Portugal surge a meio da tabela, atrás da Estónia, Eslovénia, Espanha, Itália ou Reino Unido. Significa isto que, quando o universo se reduz aos países desenvolvidos, os portugueses descem no ranking, como mostra, por exemplo, o mais recente relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE): dos 30 países avaliados no estudo "Taxing Wages 2007-2008", Portugal é o que menos estímulos fiscais oferece às famílias. Na Europa, apenas Espanha e Polónia têm incentivos mais baixos. No extremo oposto, Luxemburgo, Alemanha, França, Bélgica ou Áustria são os Estados onde mais compensa ter filhos.
O estudo analisou a carga fiscal a que estão sujeitas famílias de diferentes composições e rendimentos nos 30 países e conclui que as medidas portuguesas de apoio à natalidade tiveram alcance limitado em comparação com outros estados da OCDE. O governo, porém, contrapôs o relatório com as medidas lançadas nos cinco últimos anos - subsídio para grávidas com baixos rendimentos, abonos de família majorados para os agregados mais numerosos, duplicação do valor dedutível ao IRS, aumento de 20% do abono para famílias monoparentais ou subsídio social de maternidade são apenas algumas das políticas que foram adoptadas com o objectivo de aumentar o número de nascimento.
O primeiro e o último Mas, qualquer que seja o ângulo escolhido para avaliar o ranking dos 160 países avaliados no estudo da organização Save The Children, a Noruega surge sempre como o melhor país do mundo e o Afeganistão como o pior para as mulheres criarem os seus filhos. A distância entre um e outro avalia-se em números. Uma mãe norueguesa tem em média 18 anos de escolaridade e uma esperança de vida até aos 83 anos, sendo que apenas uma em 132 mães corre o risco de perder o seu filho antes dos cinco anos. Uma mãe afegã, por seu turno, tem em média a escolaridade primária, uma esperança de vida de 44 anos e a probabilidade do seu filho morrer antes do 5º aniversário é superior a 25%.
No campeonato dos países em desenvolvimento, Cuba é o que melhor condições oferece para a maternidade, à frente de Israel, Argentina, Uruguai, Costa Rica ou Brasil. A organização no entanto preferiu dar maior ênfase às distâncias entre ricos e pobres para expor as desigualdades que existem no mundo. O estudo aponta vários exemplos e termina com uma comparação entre um país europeu e um africano: "Na Etiópia, apenas 6% dos nascimentos são medicamente assistidos, enquanto que na Noruega todos os nascimentos contam com a presença de profissionais", conclui o relatório."

In Jornal I

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