quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Cinema
As Crónicas de Nárnia: A Viagem do Caminheiro da Alvorada
(Chronicles of Narnia: Voyage of the Dawn Treader)
de Michael Apted
com Ben Barnes, Skandar Keynes, Georgie Henley
www.narnia.com/pt

O Regresso ao Mundo Encantado de Nárnia

Com cinquenta e oito anos de idade literária e cinco de cinematográfica, “As Crónicas de Nárnia: A Viagem do Caminheiro da Alvorada” marca praticamente metade do caminho percorrido pelos irmãos Pevensie no fantástico poder criativo de C. S. Lewis.
Abertas as portas do imaginário que os resgatou dum perigoso mundo real, sob as garras ameaçadoras da II Guerra Mundial, e os transportou para os perigos e aventuras do mundo encantado de Nárnia, sob a força protectora do Leão Aslan, Edmund e Lucy são de novo chamados a prestar provas sobre a sua coragem, lealdade e devoção a Nárnia.
Não passarão desta vez para lá do armário, mas sim de um quadro que, nitidamente, os faz mergulhar a eles e ao céptico e racional primo Eustace em demanda das sete espadas dos Senhores de Nárnia. A bordo do Caminheiro da Alvorada, o barco do Príncipe Caspian, todos os esforços são poucos para recuperar as espadas que, uma vez reunidas, libertarão o povo das Forças do Mal.
Contemporâneo e próximo de J..R.R. Tolkien, o criador desse outro fabuloso mundo dos Hobbits e do clássico “O Senhor dos Anéis”, Clive Staples Lewis nasceu sob uma herança marcadamente cristã na Irlanda. Não se bastando, porém, ao património herdado, percorre, por e em si próprio uma demanda em busca da Fé, não se cansando de a questionar, de duvidar e, até mesmo, como virá a referir de se, “zangar com Deus pelo facto de não existir”...
Tão grata experiência, é muito evidente a sua impressão na forma como as personagens, igualmente na adolescência, descobrem, encontram e se deixam tocar por Nárnia, símbolo do Bem. Passando, mas não dispensando, a relutância, o medo, a dúvida, o cepticismo, tal como inicialmente coube a Edmund, que no primeiro episódio viveu a, simultaneamente, extraordinária e exigente aventura pelo Bem, experimentando as forças e fragilidades da sua condição humana, cabe agora a Eustace o desafio da incredulidade e do medo.
Além de uma mensagem que ruma, aberta, madura e destemidamente a favor de uma ética no mundo do entretenimento, esta terceira viagem ao mundo de Nárnia surpreende ao não acusar o desgaste habitual das sequelas: economia narrativa, belíssimos efeitos visuais, jovens amadores visivelmente amadurecidos na sua prestação, com destaque bastante assinalável para o estreante Will Poulter (Eustace).

Margarida Ataíde
In Agência Ecclesia

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