terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Campanha Olhe pelas suas Costas
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Saltos altos: qual o preço da elegância para a saúde?

Sapatos de salto alto são símbolo da elegância feminina e muitas mulheres não os dispensam para “crescerem” uns centímetros. Contudo, o glamour alcançado com estes acessórios de moda tem um preço acrescido que, na maioria dos casos, se traduz em dores de costas.
Para a coluna vertebral a espessura dos saltos é mais importante do que a sua altura, na medida em que, quando são muito finos, “alteram a estabilidade do apoio do pé no chão e da passada e obrigam os músculos a compensar esse mau apoio, exercendo tensões bruscas sobre a coluna e os seus discos e ligamentos”, explicou ao “Ciência Hoje” Paulo Pereira, coordenador nacional da Campanha Olhe pelas Suas Costas.
De acordo com o especialista, o calçado ideal tem um salto de dois centímetros que permite que as cargas se exerçam de uma forma equilibrada sobre as partes da frente e de trás do pé. Quando a altura aumenta para os quatro centímetros, 75 por cento do peso da mulher são suportados pela parte da frente do pé, obrigando os músculos dos membros inferiores a compensarem esse desequilíbrio e alterando a posição das articulações do joelho e da anca.
É importante usar calçado confortável com bom apoio do pé, dimensões adequadas em comprimento, largura e altura, saltos de base larga e, de preferência, de altura não superior a quatro centímetros”, aconselhou o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral.
Desta forma, os sapatos totalmente rasos também não são uma boa opção, pois provocam um ligeiro predomínio das cargas sobre a parte posterior do pé, o que pode causar algum desconforto.
Paulo Pereira frisou que a altura dos saltos, por si só, não provoca dores de costas, mas contribui para a sua perpetuação e agravamento em pessoas com problemas na coluna lombar. As mulheres que apresentem este problema "devem realmente evitar saltos altos e finos". Contudo, quando não há queixas relacionadas com a coluna nem desconforto associado ao uso de saltos, "não há motivo para contra-indicar o seu uso no que diz respeito à patologia da coluna”.

De onde vêm os problemas de coluna?
Um estudo recente indica que sete em cada dez pessoas sofrem de dores nas costas, o que corresponde a 72,4 por cento da população portuguesa. "A incidência de problemas relacionados com a coluna vertebral tem tendência a aumentar", destacou o especialista português, apontando a vida sedentária, a falta de exercício físico, as posturas incorrectas durante a actividade profissional e actividades da vida diária e o excesso de peso como as causas principais.
A obesidade, um problema crescente nas sociedades desenvolvidas, é "um dos maiores inimigos da coluna", dado que a substituição dos músculos por gordura enfraquece-os e, consequentemente, faz aumentar as cargas sobre os discos e ligamentos. A boa forma destes tecidos, principais estruturas de suporte da coluna vertebral, ajuda a estabilizá-la e a minorar as cargas e tensões exercidas sobre si.
Como tal, reforçou Paulo Pereira, a manutenção de uma boa postura e de músculos em forma "é a melhor profilaxia para os problemas degenerativos da coluna vertebral" e deve começar antes do aparecimento dos sinais de desgaste.

Campanha “Olhe pelas Suas Costas”
A campanha “Olhe pelas Suas Costas foi lançada em 2009 e é uma iniciativa inédita em Portugal que visa sensibilizar a população em geral para as dores nas costas, alertar para as suas consequências na vida pessoal e profissional dos portugueses e educar sobre as formas de prevenção e tratamento existentes.
Trata-se de uma iniciativa promovida pelas sociedades portuguesas de Patologia da Coluna Vertebral, de Ortopedia e Traumatologia, de Neurocirurgia, de Medicina Física e de Reabilitação e a Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral, com o apoio da Medtronic.

Por Carla Sofia Flores (2001-02-14)
in
Ciência Hoje

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