segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Greenpeace divulga estudo sobre bacalhau consumido em Portugal
Peixe capturado através de métodos destrutivos ou de stocks em declínio

No mês passado, a Greenpeace Portugal divulgou a expedição do navio Esperanza, pelo Árctico – uma viagem que serviu de pretexto para divulgar o estado dos ‘stocks’ de bacalhau, incluindo o do Mar de Barents na fronteira do Árctico, e para informar sobre a sustentabilidade da pesca deste peixe histórico que representa mais de um terço de todo o pescado consumido em Portugal.
O bacalhau do Atlântico foi durante vários séculos um dos negócios mais lucrativos para a indústria pesqueira portuguesa. No entanto, hoje, os poucos navios que restam da nossa grande frota bacalhoeira contribuem em apenas dois por cento para o total consumido no nosso país. A sobre-pesca persistente, que motivou as chamadas “guerras do bacalhau” entre a Islândia e o Reino Unido e culminou no dramático colapso da pesca deste produto no Canadá, obrigando os países gestores a emitir quotas cada vez mais restritivas.
A maioria dos 16 ‘stocks’ comerciais de bacalhau do Atlântico encontra-se sobre-explorados, exceptuando os da Islândia, Báltico Este e Nordeste Árctico (Mar de Barents), sendo que o Mar de Barents dá abrigo ao último dos grandes stocks históricos deste peixe. Mas, mesmo nas zonas onde a sobre-pesca deixou de ser uma ameaça imediata, o bacalhau enfrenta as consequências da técnica de pesca mais nociva para os ecossistemas: a pesca de arrasto de fundo.
Para completar a informação disponível sobre o estado do bacalhau do Atlântico, a Greenpeace pediu aos retalhistas incluídos no Ranking anual de sustentabilidade do pescado, para enviarem dados, métodos de pesca e de processamento relativos ao que comercializam.
Dos seis retalhistas abordados, apenas os que já possuem uma política de pescado responsável – Lidl, Sonae, Auchan e Dia – colaboraram com o inquérito cujos resultados confirmam que o bacalhau mais popular em Portugal é proveniente do Mar de Barents. Menos de dez por cento do bacalhau nestas cadeias de supermercados vem de zonas de pesca sobre-exploradas como o Mar do Norte ou a Costa da Noruega.

Pesca de arrasto de fundo
No entanto, pelo menos 30 por cento ainda provém da pesca de arrasto de fundo. Este método pouco selectivo desperdiça pelo menos metade das capturas e danifica o fundo dos oceanos, resultando inclusivamente num produto de qualidade inferior. Mais de 50 por cento do bacalhau congelado é capturado através da pesca de arrasto de fundo.
O inquérito revelou também que o peixe chega maioritariamente sob forma de 'bacalhau verde' (fresco e salgado) para depois ser secado em território português, onde, graças aos muitos dias de sol, se consegue obter a muito procurada “cura amarela”, com uma pequena percentagem secada em Espanha ou na Noruega.
Os quatro retalhistas que participaram no inquérito demonstram interesse em melhorar a informação disponível ao consumidor sobre a proveniência e método de captura do bacalhau que vendem.
A Greenpeace sensibiliza para a preservação do bacalhau para futuras gerações, comprando apenas bacalhau do Atlântico, proveniente do Mar de Barents, Islândia ou Báltico Este e evitando aquele que é capturado através da pesca do arrasto de fundo.

in Ciência Hoje

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