quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Minas do Lousal - Grândola

Museu Mineiro do Lousal
Telf.: 269508160
Horário: das 10h às 17h (encerra à segunda-feira)
Preços: 1,5€ (individual); 0,75€ (grupos superiores a 10 pessoas); visitas organizadas por escolas e crianças até aos 10 anos não pagam.

Um museu a céu aberto, vivo, com lojas de artesanato e produtos da terra, um excelente restaurante, realidade virtual no centro de ciência, actividades interactivas para as crianças e vários espaços museológicos que permitem espreitar como era o quotidiano das antigas minas.
Ao domingo, eles cantam. Os antigos mineiros levantam a voz, um a um, enchendo a sala do Restaurante Armazém Central com o calor da alma alentejana. Como se o tempo voltasse atrás na aldeia, perdida no extremo sul do concelho de Grândola.
O Lousal chegou a ser o núcleo socio-económico mais importante do município, quando as minas de pirite – desactivadas em 1988 – empregavam três mil pessoas. Hoje, é um daqueles cenários com porta aberta para o passado, onde a cada esquina espreita a memória de um modo de vida que já não volta.
O futuro, contudo, está a ser construído diariamente. Através de um bem sucedido programa de revitalização, nasceram um centro de ciência viva, uma albergaria, oficinas de artesanato, o museu mineiro, o mercado de produtos locais e o restaurante. Os colaboradores, em muitos casos, são antigos trabalhadores da mina ou seus familiares.

Antes dos dinossauros
O Lousal fica actualmente a 40 quilómetros da costa, em linha recta mas há 360 milhões de anos era um oceano de potentes vulcões, aos quais se associaram fenómenos de hidrotermalismo responsáveis pela génese dos depósitos de sulfuretos.
A exploração mineira moderna iniciou-se em 1900 e durou até 1988. Na década de 90, a proprietária Sapec e a Câmara Municipal de Grândola criaram a Fundação Frederic Velge para, com a colaboração de instituições do ensino superior e o envolvimento da população, travar o declínio da comunidade, gerar emprego, preservar a memória e estabelecer um centro de conhecimento. Com sucesso, diga-se.

O primeiro segredo: à mesa
Chega-se ao Lousal através de um corte no IC 1, a norte de Ermidas do Sado e a Sul de Canal Caveira e Azinheira dos Barros. A maioria dos 50 mil visitantes anuais acaba por descobrir facilmente um dos mais preciosos segredos da aldeia – o Restaurante Armazém Central, onde os mineiros ainda cantam, ocupa a antiga central a vapor, no fim da estrada de acesso desde o IC 1. Há migas, jantarinho do monte, ensopado de borrego e sopa de cação, entre outras especialidades. O atendimento é irrepreensível.
No percurso de carro, já se obteve um vislumbre do ambiente, que muitos consideram único: bairros de típicas moradias caiadas, pavilhões industriais em semi-ruína, outros recuperados, o jardim, as casas que foram da direcção, dos técnicos e dos engenheiros, o antigo hospital e a escola primária.
Junto ao restaurante, as lojas de artesanato propõem tapeçarias, bordados, móveis e louça com pintura alentejana, artigos em ferro forjado, mobílias restauradas, mas também compotas e outros elementos da gastronomia regional. O mercado de produtos locais está para reabrir, melhorado.
O museu beneficia de um extenso espólio de documentos, objectos e equipamentos, permitindo espreitar o quotidiano dos anos de prosperidade da mina. O núcleo da antiga central eléctrica apresenta os motores e compressores originais e acolhe uma exposição especialmente interessante para as crianças: 49 modelos de minas do século XIX, quase todos construídos na Real Academia de Freiberg, na Alemanha.

CAVE de realidade virtual
Mas, a mais recente e entusiasmante atracção do Lousal é o centro de ciência viva, um espaço com uma intensa componente lúdica e educativa, a pensar nos mais novos. O principal chamariz é a tecnologia de realidade virtual que permite recriar cenários com imagem, som e cheiro na infra-estrutura CAVE (Computer Assisted Virtual Environment). Há ainda uma área com jogos interactivos e actividades adequadas às crianças. Noutra sala, os visitantes encontram suspensos de uma parede três carochas (o famoso Volkwagen). Um está completo, os outros apresentam-se sem os componentes fabricados com recursos minerais, de modo a expor a dependência humana face ao parque geológico. Brevemente, entram em funcionamento os módulos interactivos para banhos de ciência no antigo balneário.
Há 20 anos que ninguém acede ao coração da mina. O projecto de dinamização turística do Lousal prevê a descida às galerias, através de um elevador panorâmico que levará os visitantes até aos 45 metros de profundidade, equipados com capacete, botas, lanterna e impermeável. Uma viagem a não perder, com certeza. Mas que, por enquanto, repousa no papel.

Cláudio Garcia
in Lifecooler

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